Antonio Costa e Catterina Dalla Costa:

  1. Escrito em mar/2017 e revisado em 03/2019

  2. Antonio Costa nasceu na Localidade de Rotzo, no "Altipiano de Asiago", um planalto ladeado por dois grandes vales, com subidas ingremes e perigosas, o terreno servia para criação de gado leiteiro e de caprinos. Outras familias da localidade vieram para o Brasil e se instalaram na região de Antonio Prado, tais como: Brancaglione, Tondello, Dal Pozzo, Pelizer, Francescon, Spagnolo, Slaviero, Zanella, Martello.

  3. Os motivos contados "boca a boca" foi a situação politica na região em conflito entre Áustria e Italia. A Áustria depois de perder a área, não dava mais apoio aos moradores e a Italia muito pobre estava em restruturação, logo estavam abandonados a sua sorte. As terras eram péssimas e de pouca qualidade com terreno montanhoso, o individamento com o governo obrigava as familias a venderem suas terras, e viver numa pobreza total e passando fome.

  4. O Governo brasileiro (Incentivado pelo imperador D. Pedro II) prometia lote rural para pagar em 10 anos, viagem gratuita dentro do país, ajuda financeira nos primeiros tempos e assistência medico-religiosa. Isso criou uma febre geral e Antonio Costa com esposa Catterina Della Costa, partiu para o Brasil com toda familia;

  5. A despedida era muito triste, imaginem, 100 pessoas partindo de madrugada, com caixotes, baús e trouxas, as pessoas se despediam, umas chorando outras rindo e outras cantando. O dia da despedida era triste o que chamava atenção é que na igreja tocavam os sinos com badaladas de morto, pois julgavam a partida como enterro pois nunca mais iriam se ver. Desciam o Altipiano de carroças, até Vicenza, distante 50 km.

  6. Lá aguardavam na estação ferroviária a chegada do trem que os levaria até Milão. Antes do embarque passavam na igreja, em frente a estação, de Nossa Senhora de Monte Bérico, e faziam promessas e levavam recordações , por esse motivo é venerada como mãe dos migrantes vênetos.

  7. Ao chegarem a Milão, pegavam outro trem para Gênova, e lá ficavam aguardando um navio que os levasse ao Brasil. Todos deviam aguardar alguns dias no porto, porque os agenciadores queriam algum lucro nas pensões(taverneiros), nos bares e no comércio.

  8. Sem saber o dia exato do embarque passavam dias e noites de angustia. Quando partiam a viagem durava aproximadamente 36 dias, ninguém sabia se chegaria vivo, pois os navios com capacidade de 400 pessoas levava mais de 1.000, eram navios de carga, levavam pessoas, cargas e até animais.

  9. A viagem iniciou no porto de Genova no navio "Matteo Bruzzo" navegou durante 40 dias, a situação era precária pois se aparecesse alguma doença (febre amarela, outras) todos os contagiados eram jogados ao mar, para não contaminar os demais. toda viagem tinha muitos mortos, uns 30 por viagem. Conta-se que 1.700 vênetos, originários de varias cidades do Venêto, foram abandonados no cais do porto de Gênova, porque o agente que o aliciara tinha fugido com o dinheiro das passagens.

  10. O final da primeira etapa terminava no porto ao Rio de Janeiro, no lugar chamado "ilha das flores" , eram feitos os registros em livros próprios e submetidos a exames médicos. Após alguns dias (de 10 a 15) de recuperação pela viagem partiam em outro navio e desembarcavam em Rio Grande , pois o navio seguia para Montevideo e Buenos Aires.

  11. Passavam por Pelotas e se dirigiam a Porto Alegre, em barcos menores onde faziam a documentação de entrada no País e depois seguiam até o porto de Guimarães, mais precisamente em São Sebastião do Cai. Em seguida com mulas e a pé subiam a serra até a tenda dos Bugres(Caxias do Sul), era uma caminhada de aproximada de 100 Km, em geral as mulheres cavalgavam as mulas e os homens iam atrás, a pé.

  12. Todos se hospedavam num lugar chamado "barracão", após o sorteio dos lotes, cada familia pegava os documentos de seu pedaço de terra(uma colonia) e se deslocavam a pé ou a cavalo.

  13. Antonio Costa recebeu sua colonia no rio "quaresima" em Antonio Prado na capela de São Roque, pagaram sua colonia com serviço brasal abrindo picadas para colonização e depois abrindo estradas, era a forma de pagar as terras.

  14. Historia extraida do livro "Familia Costa" escrita pelo Pe Armelindo Costa: